Hoje em dia, são muitas as pessoas, empreendedores, empresários e até grandes empresas que se apressam a marcar posição e a entrar no mundo dos Drones (não militares), pois estes pequenos robots prometem resolver qualquer problema, em qualquer lugar, a qualquer hora, e de forma automática… talvez depois de uma curta fase de investigação e desenvolvimento. Mas quão curta é esta “curta fase de investigação e desenvolvimento”? Ou, mais importante que isso, quais são as maiores limitações destas plataformas robóticas?
Alguns especialistas argumentam que a maior limitação é a energia disponível a bordo do veículo (em particular para aqueles drones que levantam voo e aterram verticalmente), impondo restrições à duração do voo, aos sensores e carga útil que pode ser levada abordo, bem como ao alcance e largura de banda das comunicações. Existem várias tecnologias emergentes de baterias que prometem trazer uma grande revolução nesta e noutras áreas relacionadas com a mobilidade de veículos elétricos. No entanto, estas promissoras tecnologias estão ainda em fase de investigação e desenvolvimento, podendo demorar mais uma década (eu sou otimista) até que uma delas possa ser produzida em massa, e assim fazer com que os preços desçam até ao nível das atuais baterias de Lítio-polímero e tecnologias semelhantes.
Um outro conjunto de preocupações diz respeito à segurança de pessoas e bens, direito à privacidade, requisitos de seguros de responsabilidade civil, e a sujeição do drone e do seu operador às leis em geral. Tem havido inúmeros acidentes envolvendo falhas de drones ou operação destes por pessoas não adequadamente qualificadas (quer em termos de conhecimentos técnicos, de padrões éticos, ou mesmo de medidas de segurança e prevenção de acidentes), resultando em vários feridos e algumas “quase-colisões” com aeronaves comerciais. Como consequência, e para prevenir incidentes mais dramáticos, os legisladores na UE, EUA, e noutros países, estão a preparar-se para banir o uso de qualquer drone que não tenha uma autorização explicita da entidade que regula o espaço aéreo, enquanto que legislação mais detalhada sobre a sua integração no espaço aéreo vai sendo discutida e implementada.
Por último, o desafio mais difícil (na minha opinião) é o de dotar um drone das capacidades para compreender o meio que o envolve. Pelo que conheço, não existe hoje nenhum drone (não militar) capaz de localizar-se e de representar o meio envolvente sem recurso a mapas pré-existentes ou GPS. Isto significa que nenhum drone consegue ainda navegar através de uma cidade para entregar pizzas, tacos ou livros, evitando colisões com edifícios, carros, pessoas ou outros drones, principalmente se estes obstáculos estiverem em movimento. Este é um problema técnico muito complexo, em conjunto com outros assuntos que são objecto de muitos programas de investigação por todo o mundo, e muitas vezes não é reconhecido como um desafio por muitos dos que tentam entrar nesta industria, podendo frustrar ideias e planos de negócios que, de outra forma, seriam geniais.
Em suma, antes de formar uma empresa que envolva drones (ou mesmo qualquer outra tecnologia), é sempre necessário ter uma compreensão clara do que estes conseguem fazer HOJE, e quais são as perspetivas de que as capacidades desejadas estejam disponíveis num futuro próximo.